CONTEXTUALIZANDO
Este trabalho foi escrito em 30.01.2012, em
resposta ao amigo Cyl Gallindo, que havia me enviado, por email, um belo
cordel, escrito pelo poeta Ismael Gaião, com o título “NO TEMPO DA MINHA
INFÂNCIA”. Ao concluir a leitura, imediatamente cliquei em responder, e, remetendo para Cyl e para o autor
do poema.
Remetido o meu texto a Gallindo,
propositadamente sem título, pedi que ele desse um nome a “criança”. Ele por sua vez, encaminhou o trabalho para
uma especialista em análise textual e poesia, Tereza Hollidey, a qual deu a
sugestão: “ONTEM E HOJE EM
NOSSO MUNDO”. A sugestão foi aceita por mim e, agradecido
Tereza a Cyl, apresento ao público mais um trabalho poético com um tom de
lirismo, ao mesmo tempo em que o dedico ao saudoso amigo e conterrâneo Cyl,
grande incentivador da cultura em Buíque, sua “pátria umbigo”, como ele mesmo
pronunciava.
Buíque, 11 de outubro de
2013
Paulo Tarciso Freire de
Almeida
- Autor -
ONTEM
E HOJE EM NOSSO MUNDO
Autor: Paulo
Tarciso Freire de Almeida
Caro Cyl, essa
eu gostei
E vou aqui
responder
Nos tempos da
minha infância
Também
brinquei pra valer
Fazer barreiro
e balão
Correr
descalço no chão
Ver o sol no
entardecer.
Naquele tempo,
é verdade
Não tinha
tanta frescura
Mas havia
algumas coisas
Que ainda bem
não perdura
E vou dizer
quatro ou cinco
Falo a verdade
e não minto
Pra homem à
sua “altura”.
Quando se
bebia leite
Diziam que pra
comer
Abacaxi, manga
ou ovo
Podia adoecer
E só no dia
seguinte
Passado todo
apetite
Podia o ovo
mexer...
Não tinha
colesterol
Mas tinha a
paralisia
Que quando
acertava a vítima
Era grande a
agonia
Hoje quem é
vacinado
Dessa doença é
curado
Padre nosso,
Ave Maria!.
Eu ainda me
recordo
Do bucho
grande e lombriga
Menino pedindo
esmola
Coçar a bunda
e barriga
Castigo sem
precisão
Ajoelhar-se no
chão
Em cima de
milho ou “urtiga”.
Hospital,
médico e vacina
Era coisa
muito rara
O que se via
de sobra
Brutalidade na
cara
Sem falar na
ditadura
Que em muitas
noites escuras
Invadia muitas
salas.
Brincar, a
gente brincava
Barra-bandeira
e pião
Bola de meia e
de gude
Papangu e
“melação”
Nos tempos de
trovoada
Nas bicas a
agente tomava
Melhor banho
da região.
Outra coisa
que eu via
E não posso
concordar
Era a tal da
palmatória
Forçando pra
“decorar”
Esse atraso,
quem aprova?
“Uma violência
da ova”
Peço pra não
mais voltar.
Eu cantei como
o poeta
Me lembro cai,
cai, balão
Pé é pé e
palma é palma
Pai Francisco
e trem cordão
Agora marré,
marré
Não me diga
como é
Que eu vou
fazer gozação.
Concordo
quando o poeta
Fala da
modernidade
Trocaram o
saudável e belo
Por muita
mediocridade
E os
brinquedos inocentes
Mudaram pros
indecentes
Que só ensina
a maldade.
Quem mais mata
em vídeo game
Vem a ser o
campeão
Quem mais
atropela os outros
Com carro na
contramão
Chamam assim
de herói
Enquanto o rato
corrói
O cérebro do
“campeão”.
Realmente o
celular
E até o
computador
Se a gente não
tem cuidado
Transforma o
homem em horror
No tempo que
era criança
O povo tinha
esperança
Sem ter tanto
“alô, alô”...
As
brincadeiras de roda
E a melhor, a
do noivado
Quando rapazes
de moças
Inda muito
envergonhados
Com aliança
entre as belas
Perguntavam
quem é ela?
Ganhando um
beijo roubado.
Me membro da
brincadeira
Que chamávamos
da “panela”
Quando rapazes
e moças
Em pilares e
olhadelas
Trocavam o seu
lugar
E quem viesse
a ganhar
Levava um
abraço dela.
Mas isso já
foi mais tarde
A gente
adolescente
Voltando mais
pelo tempo
Criança, mais
inocente
Hoje não tem
nada a vê
Quem manda a
gente crescer
Pensando ser
mais valente ?.
Já hoje
no BBB
Herói mudou de
sentido
Valente é o
mais “traíra”
Ou o falso e o
mais “metido”
Um Big” Bosta”
Brasil
Que mostra o
vão e o vil
Jamais entra
em meus ouvidos.
Valente era o
menino
Subindo no
caminhão
Roubando manga
e goiaba
Jogando a
caixa no chão
E a molecada vibrando
E o motorista
gritando:
-Desce daí Zé
Jordão!.
Valente
era o Flodoaldo
Que o palhaço
convidava
Para subir lá
no palco
E ele não se
aquietava
Até ganhar o
ingresso
Cantando e
fazendo verso
Quando a
platéia lotava.
Fera foi “Luiz
Coquinho”
Presepadas que
arrumou
Também o João
Gasolina
Que a minha
infância marcou
Pelas ruas da
cidade
Buíque em
tenra idade
Muitos causos
ele aprontou.
Mas concordo
com Ismael
Com tudo que
ele escreveu
Esses versos
que rabisco
Para um
conterrâneo meu
Cyl Gallindo,
um buiquense
Desta terra é
um valente
Fruto bom que
a terra deu.
Um abraço e
parabéns
Pela palavra
escrita
A arma mais
poderosa
Do que canhão com
golpista
Na mão de um
bom escritor
Letra é guerra
ou paz e amor
Tchau e até a
próxima vista!.
Escrito em 30.01.2012 -
Paulo Tarciso
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