O dia de hoje, em nosso Buíque, amanheceu
mais triste. É que por volta das 6:00 da manhã, faleceu no hospital memorial,
em Arcoverde, um dos personagens bastante conhecido em nosso município. Falo da
pessoa de GETÚLIO MODESTO DE ALBUQUERQUE. Aquele que durante alguns anos exerceu
o cargo de chefe da guarda municipal, e como ex-combatente, marcou muito a minha infância, adolescência
e parte da juventude.
Gostava
de se vestir a caráter em dias festivos. Fardamento de oficial do exército, jaqueta,
botas, quepe e rifle na mão, já que naquela época não existia proibição para o
porte. Além do mais, ele era representante da guarda municipal, portanto tinha
esse privilégio de as vezes andar pelas praças da cidade com seus trajes
oficiais e até portar a arma no ombro. E fazia isso com muito orgulho, sempre
respeitando, não só as autoridades, como também a população.
Se algum turista visse
aquela figura, com certeza pensaria se tratar de um general do exército ou cargo semelhante já que o seu
porte físico contribuía para isso. Era comum nos dia 31 de março (dia de revolução,
também chamado dia do golpe militar) e em 15 de novembro (Dia da proclamação da República),
seu Getúlio armar um pequeno palanque no centro da cidade, tendo ao seus lados
direito e esquerdo as bandeiras Nacional, a de Pernambuco e a deste município de
Buíque e quadros com fotos do presidente da época. Com uso de uma difusora e um
microfone, passava praticamente o dia inteiro lendo enormes discursos exaltando
a pátria, os generais e todos aqueles que representaram o país durante a
segunda guerra mundial. Também, ao seu modo, fazia sérias críticas ao comunismo.
Para
uns era considerando um personagem folclórico, entretanto, para quem não sabe GETÚLIO
MODESTO durante parte de sua vida serviu como advogado rábula, (que não possuindo formação acadêmica em Direito -bacharelado), no entanto, obtinha autorização do Poder Judiciário para exercer tal função, na defesa de algumas pessoas carentes da comunidade, que não
dispunham de poder aquisitivo para custear um profissional, coisa difícil naquela
época.
Ainda
guardo “vivinha da silva” na minha lembrança, um certo dia 15 de novembro, quando era adolescente, quando Getúlio
contratou o serviço de som do cinema de meu pai, iniciando seus discursos às 04:00
da manhã, indo até às 07:00 da noite, com intervalo apenas de uma hora para o
almoço. Para me entreter, comprou uns dez pães doces na padaria do saudoso Cirilo
Henrique e trouxe consigo uma garrafa de café para que nós ficássemos tomando
ali mesmo, no stúdio do velho cinema, que ficava na Av. Jonas Camelo. Lembro que
o amigo Carlinhos de Zezinho Dentista estava conosco naquela data.
Pois
é, como todos nós temos o dia do nosso chamado, seu Getúlio ouviu o som da
corneta o convidando para se apresentar diante do seu General maior, e, como bom
soldado foi lá, bater continência e se organizar em sua nova morada. Só resta a
saudade e a certeza que ele cumpriu bem o seu papel aqui na terra. À toda família, parentes e amigos, os meus profundos sentimentos.
Ele amou a sua pátria
Sua cidade também
Homem simples e do povo
Pra gente só fez o bem
Vai com Deus grande soldado
Serás bem recepcionado
Fica com Deus, digo amém.
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