Hoje, conclui a releitura de mais
um bester seller da literatura internacional. Trata-se obra intitulada “A UTOPIA”,
de autoria do advogado e filósofo inglês Thomas More. Publicado em 1516, o livro que reli é da coleção Martin Claret,
impresso em 2008 e contém 134 páginas que foram “deglutidas” em apenas um dia.
Iniciei a leitura por volta das 08:00 e conclui às 17:40 horas, com intervalo
apenas para o almoço. Sobre essa importante obra, faço, resumidamente, os
seguintes comentários:
O
livro é composto de vários diálogos sobre modelos de sociedade. Dentre os personagens,
destaca-se o principal, chamado Rafael, que
em conversa com o rei, descreve uma sociedade perfeita - que na visão do autor -, por meio de novas fórmulas de
governo, nos campos econômicos, políticos e sociais a população consegue
implantar uma modalidade de gestão que pode servir de modelo para o resto do
mundo. Esse governo é representado pela ilha imaginária denominada de Utopia, (que significa não lugar).
Nessa
ilha, o que hoje denominamos popularmente de socialismo comunista
de fato funcionou (em outras nações a história registra que não aconteceu o mesmo). O lugar da harmonia.
Uma sociedade baseada no desejo e onde tudo funciona e dar certo. Saúde,
Educação, habitação, distribuição de renda. Tudo é feito visando o bem
comum. Economicamente não existe propriedade privada, mas sim coletiva no
sentido estrito do termo, uma vez que ela não é propriedade estatal, mas
é tratada como coisa comum dos utopienses. Seria isso um comunismo?
Rafael Hitlodeu, o navegador português que os leva até a ilha
imaginária, comenta isto com certo entusiasmo, ao que Thomas More
retruca: “Eu sou de opinião contrária, e penso que os homens nunca
poderão viver prosperamente onde todas as coisas forem comuns”. Isso
opõe-se diretamente à noção marxista de coletivização dos meios de
produção e é um sopro de realismo numa obra de imaginação. E tal posição
aparece reforçada nos parágrafos finais do livro.
Para consolidar essa premissa da propriedade coletiva, as famílias mudam de residência a cada dez anos para não criar a visão de “proprietários”. Todos têm estudo, saúde e educação de qualidade e até no campo religioso, apesar de pessoalmente o “rei” ter sua fé declarada, cristão católico, todas as religiões se respeitam e até usam o mesmo templo para suas celebrações, sempre mantendo o respeito e oquilíbrio uns com os outros.
Para consolidar essa premissa da propriedade coletiva, as famílias mudam de residência a cada dez anos para não criar a visão de “proprietários”. Todos têm estudo, saúde e educação de qualidade e até no campo religioso, apesar de pessoalmente o “rei” ter sua fé declarada, cristão católico, todas as religiões se respeitam e até usam o mesmo templo para suas celebrações, sempre mantendo o respeito e oquilíbrio uns com os outros.
Apesar dessa liberdade religiosa e
do rei declarar-se cristão católico, na ilha é permitida a eutanásia (que
significa boa morte) para os que estão desesperadamente doentes, desenganados
em instituições da ilha, desde que o paciente seja assistido por um sacerdote e
tenha dele a sua permissão.
Sobre
a morte, descreve o livro na página 103: “O receio da morte é para eles (os utopianos),
de mau augúrio, pois revela que a alma, sem esperança e de consciência pesada,
com o secreto e antecipado sentimento dos suplícios que a esperam, tem medo de
partir. E pensam que o próprio Deus não gostará de receber o homem que, quando
foi chamado por ele, não atendeu alegremente, mas teve que ser arrastrado á sua
presença rebelde e pesaroso”.
No
livro, que é uma crítica à sociedade de sua época, o autor diz que na sociedade
utopiana o exército até existe, mais para se defender de possíveis ataques e
auxiliar alguma estado injustamente atacado, do que propriamente para atacar.
Em
que pese a palavra utopia ter sido muito
usada pejorativamente como “ilusão, algo
irrealizável”; se tratando de governo, pode, em boa parte, de fato ser
posto em prática, evidentemente com grandes dificuldades, mas não é no todo,
uma ilusão. Compete muito mais da sociedade, e diga-se de passagem,
exclusivamente a ela - a quem mais interessa essa prática, do que do
governante, que dificilmente vai aceitar uma forma de governo, aonde o “rei pouco se
distingue dos seus subornados”, como descrito no livro: “O próprio príncipe não
se distingue dos outros cidadãos por vestuário principesco, nem por coroa,
diadema ou manto, mas por um pequeno feixe de trigo que leva consigo”.
Como
costumo fazer em minhas postagens de dicas de leitura, destaco abaixo algumas frases
de efeito, recomendando a leitura do livro:
“Uma utopia é uma possiblidade que pode
efetivar-se no momento em que forem removidas as circunstâncias provisórias que
obstam à sua realização.” (introdução)
“Uma ilha imaginaria, cuja civilização material é de nível idêntico ao da
civilização europeia do século XVI, mas onde os habitantes souberam explorar de
forma superior os recursos ao seu alcance, mediante uma organização social
assente em critérios racionais” (introdução)
“Deus ordenou-nos: “Não matarás”.
E matamos com tanta facilidade, porque um homem ase apoderou de algumas moedas.”
“Por isso, Platão afirmou que a humanidade atingirá a
felicidade perfeita no dia em que os filósofos forem reis, e os reis
filósofo”.
“Na verdade, viver no prazer e na riqueza enquanto o povo sofre e se
lamenta, é mais digno de um carcereiro de que de um rei”. (página 44.)
“O príncipe que só sabe governar os súditos tirando-lhes a riqueza e as
comodidades da vida tem de confessar a sua incapacidade para governar os
homens”. (pagina 44).
“É próprio da sabedoria procurar a felicidade sem violar as
leis”. Página 77.
“(...) Pois em todas as outras partes falam de interesse geral e só se
preocupam com o seu próprio” 110
Thomas More foi morto por decapitação, em Londres, no dia 6 de julho de
1535, em processo promovido pelo Rei Henrique VIII e sua obra A Utopia
inclui-se entre os precursosores do socialismo.
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