Acabei
de ler hoje mais uma grande obra da literatura internacional, cuja leitura recomendo a todos que apreciam um bom romance fictício com foco político. Trata-se do livro
1984, escrito na década de 50 e publicado em 1949, pelo escritor, jornalista,
ensaista e romancista inglês Eric Arthur Blair (1903-1950), sob o pseudônimo de
George Orwell, falecido em 1950, vítima de tuberculose.
Nessa obra, o autor faz uma grave
denúncia das injustiças sociais e do mau que um governo totalitário faz a
humanidade, ao mesmo tempo em que conquista as massas. Na verdade, esse livro é
uma denúncia das mazelas que todo regime totalitário causa em uma nação. Seja
ele militar ou socialista comunista.
O
que mais prende a atenção do leitor é a inteligência e o talento do autor, na
descrição da trama - que foi traduzida em mais de 60 países, sendo, inclusive
transformado em minissérie - é o fato de o enredo ter sido escrito há mais de 90
anos e nitidamente remete o leitor para os dias atuais. Com muito bom humor a
história fala sobre o futuro, mais precisamente o ano de 1984. Como viveria a humanidade diante das grandes mudanças, tanto
no mundo político quanto nas formas de governos?. Como viveria a sociedade
diante de tanta vigilância: “Sorria, você está
sendo filmado !”.
Na
trama, o mundo está dividido em três continentes que vivem sempre em guerra, numa
forma a controlar a população e mostra que somos vigiados o tempo todo, como nos mostra o popular programa BIG BROTHER (o Grande Irmão). Na obra Big Brother é o partido político que é dividido em
ministérios: o primeiro é o da Verdade - que se
ocupa de transformar toda verdade em mentira, através de falsas estatísticas,
falsos relatórios, cuidando de apagar de todos os jornais, revistas e livros, principalmente
os didáticos, tudo quanto não lhe interessa, substituindo por aquilo que lhe seja
favorável.
Outro
ministério é o da paz, que e cuida das guerras. Uma
de suas ocupações é controlar a sociedade, através de programas de televisão,
como de fato acontece atualmente. Não fica fora as copas mundiais, as olimpíadas,
e os chamados programas de intretenimento. Já o
Ministério do amor, se ocupa em manter a lei e a ordem. Por fim, o Ministério da Fartura, se ocupa das atividades
econômicas.
No
romance fictício político, que tem Londres, como cenário, a população está
dividida em 03 camadas: A alta,
representada pelo partido Interno, com 2% da população. O Núcleo do partido,
que manipula todo mundo. Em seguida vem a camada B, representada pelos aliados
do partido, com 13%, que são os ministérios (os mais fiscalizados), que nunca
podem emitir qualquer opinião contra o governo, o Estado, representado pelo
Grande Irmão (BIG BROTHER).
Por fim, vem a classe C, representada pelos proletas, que é proletariado, com
quase 90% da população que vive às margens da sociedade.
O
personagem principal do livro é o Sr. Winston, que tem 29 anos de idade e vive
o período pós guerra. Ele é membro do Ministério da
verdade e em determinada circunstância, percebe o que está ocorrendo no
interior do seu partido e, inconformado com a situação começa fazer anotações,
com muito cuidado, já que pode está sendo “filmado” pelas teletelas e, de forma
nenhuma poderá ser visto. Sua intenção é se rebelar contra o partido. A fala é resumida e reproduzida em expressões
oblíquas.
A
fidelidade partidária é tão grande que filhos chegam a entregar seus pais às
autoridades, visando algum benefício do grande irmão (BIG BROTHER). Não se pode
criticar o governo, sob pena de perseguição até de morte. A pessoa pode ser torturada, apagada (literalmente) da história, ter até seus registros apagados, tornando-se uma "impessoa". O governo passa a
idéia de bonzinho, mas na verdade é o contrário. Winston conhece Julia, com quem vive um
romance, mas, como o governo controla até o prazer, eles resolvem viver o
romance de forma escondida. Pensam até em desconstruir o partido, para evitar que
as futuras gerações sejam manipuladas.
Quem
disse que o que aprendemos na escola sobre a nossa história não foi modificado,
de acordo com o interesse do partido ou do governante:? Até porque a história sempre é contada pelos vencedores.
A
mídia controla a sociedade através de novelas e programas de entretenimento. O
governo faz o mesmo através das olimpíadas, copa do mundo, carnaval, escondendo
o que de fato acontece no momento.
Frases
de efeito e comentários (entre parênteses) deste blogueiro:
"Inútil experimentar o elevador.
Raramente funcionava, mesmo no tempo das vacas gordas, e agora a eletricidade
era desligada durante o dia". (O que vemos diariamente nos serviços públicos)
"Havia um cartaz na casa defronte: “O
grande irmão zela por ti”, dizia o letreiro”. (O
mesmo que vemos atualmente nos slogans dos governos do nosso pais: “Governando para o povo”; “ O
pobre agora tem vez”; Ao povo o que é do povo”);
"Qualquer barulho que Winstou fizesse,
mais alto que um cochicho, seria captado pelo aparelho. (...) naturalmente, não
havia jeito de determinar se, no dado momento, o cidadão estava sendo vigiado
ou não". (hoje, principalmente nos grandes centros
estamos sendo filmados o tempo todo. Em Lojas, Shopping centers, hotéis, etc. E
quando enviamos uma mensagem, quer pelo Whatsapp, quer seja por e-mail ou
qualquer outro meio eletrônico, estamos sendo vigiados pelo grande irmão).
"O estranho, todavia, é que embora
Goldstein fosse odiado e desprezado por todo mundo, embora todos os dias, e
milhares de vezes por dia, nas tribunas, teletelas, jornais, livros, suas
teorias fossem refutadas, esmagadas, ridicularizadas e apresentadas aos olhos
de todos como lixo a toa... e apesar de tudo isso,
sua influência nunca parecia diminuir. Havia sempre novos bocós esperando para
serem seduzidos". (Essa declaração dispensa comentários e qualquer leitor
pode interpretar a seu critério, pois as chances de acertar, sejam qual for sua
visão, será sempre acertada).
"Nesses momentos seu ódio secreto pelo
Grande Irmão se transformava em adoração, e
o Grande Irmão parecia crescer, protetor destemido e invencível, firme como uma
rocha..."
"Ninguém ouviu o que o Grande Irmão
disse. Eram apenas palavras de incitamento, o tipo de palavras que se
pronunciam ao vivo do combate, palavras que não se distinguem individualmente,
mas que restauram a confiança pelo fato de serem ditas.
"Usar
a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade em nome da moralidade, crer na
impossibilidade da democracia que o partido era o guardião da democracia;
esquecer tudo quanto fosse necessário esquecer...".
"O trabalho físico pesado, o trato da
casa e dos filhos, as briguinhas com a vizinhança, o cinema, o futebol, a
cerveja e, acima de tudo, o jogo, enchiam-lhes os horizontes. Mantê-los sob controle não era difícil. (...) Como
dizia o lema do partido: “Os proles e os animais
são livres”.
"A Loteria,
com seus enormes prêmios semanais era o acontecimento público a que os proles
davam a maior atenção. Era provável que houvesse
milhões de proles para quem a Loteria era o principal, se não o único motivo de
continuar a viver".
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